domingo, 20 de setembro de 2009

Os traumas dos alunos

Este mail está dirigido à Drª. Maria de Lurdes Rodrigues, Exma. Ministra da (DES)Educação. Dei de caras com este texto num forum. Vejam só a beleza:

"Boa noite,

Eu penso que tudo isto e muito interessante mas ao mesmo tempo um pouco ipocrita.
A responsabilidade do problema na minha opiniao nao esta apenas no lado das revistas ou das marcas, esta tambem do "nosso lado", porqu nos deixa-mos levar por toda essa manipulaçao.
No artigo sobre as lojas referem o problema da falta de saber fazer porque e mais façil vender o que aparentemente esta vendido.Axo que isso tambem e de certo modo culpa "nossa".Compra-se uma Tv porque e "grande" porque e "fina" mas nao quere-mos saber se o tom de pele esta fora da realidade, quere-mos e contraste a entrar pelas vistas a dentro e numeros nas caracteristicas para contar aos amigos.Ja trabalhei em lojas tradicionais e em grandes superficies e a verdade e uma.Somos "nos" que permiti-mos o desaparecimento de alguns pequenos espaços para o "nascimento de grandes espaços comerciais".Como e possivel uma area como o Porto,Matosinhos,Vila Nova de Gaia comportar a quantidade de Shoppings?.Por outro lado axo interessante o facto de certas pessoas se pronunciarem em foruns sobre o sistema A ou B e terem como base um "radio a pilhas" que tem por casa.Na minha opiniao a sociedade e o individuo ficou mais exigente na quantidade e nao na qualidade e isso da asas a estes fenomenos.Axo que este tipo de problema nao existe apenas no mercado do audio.Contudo acredito que tudo tem o seu tempo, a mudança ira ocorrer mais cedo ou mais tarde.

Desde ja agradeço a postagem deste assunto.Considero que e de grande importançia.

Cump"

Pois é, não se pode traumatizar os meninos marcando erros de ortografia e depois temos esta beleza na qual há palavras com 2 erros (importançia).

Parabéns senhora ministra. Mas é para isso que servem os acordos ortográficos, para, dentro de un par de anos, aceitar como português correcto a grafia dos SMS (axo em vez de acho). Isto à parte dos anglicismos como "postagem".

Sem mais comentários.

domingo, 13 de setembro de 2009

As notas de acesso à universidade

Por interesse próprio (o meu filho entra este ano na universidade), tive que olhar para as notas de entrada e passou-se aquilo que era de prever: milhares de alunos deste país que estão no topo da pirâmide intelectual não podem estudar o que querem. Isto é por demais gritante em Medicina. Senão vejamos: o meu filho, que tem média de 17,5, não entrou em Medicina. Não obstante há alunos que entraram com 9,7 (sim, 9,7) em Bioquímica. Há centenas de vagas por preencher que vão ser ocupadas por aqueles que vão ser repescados e que são os que têm notas baixas a partir de 9,5. Conclusão: este país gasta fortunas a formar alunos que chegam à universidade com médias de 9,5 ou pouco mais e deixa de fora os melhores alunos. Há dinheiro para os maus e os medíocres mas não há para os bons. Se houvesse médicos a mais ainda vá. Mas não há já que os estamos importar de Cuba, das Honduras e sabe Deus de que outros sítios. Repito, o Estado está a gastar milhões de euros em péssimos alunos e deixa de fora os bons. Só mesmo os países muito ricos é que se podem permitir fazer estas coisas. Ter dinheiro para vagas de estudos eslavos (e outros que tais) que ficam por preencher e não acarinhar a elite intelectual.

E isto porquê ? Não sei, perguntem à Ordem dos Médicos e ao Governo porque é há tão poucas vagas. Será para criar escassez e assim manter os preços das consultas médicas e dos serviços médicos altos ?

Como é que resolvi este assunto ? Muito fácil, com sacrifício pessoal, enviando o meu filho a estudar Medicina em Espanha onde tem vaga em várias universidades. Devo dizer que há milhares de estudantes de Medicina fora de Portugal que não querem voltar. Uma vez passada a fronteira ninguém mais quer saber deste país que acarinha a mediocridade. Se não fosse assim tínhamos mais cuidado em escolher quem nos governa. Todos são maus, a maioria nunca trabalhou na vida (há um candidato do CDS a Presidente da Câmara que tem 19 anos) e quando saem do poder é para continuar a roubar-nos deste vez na empresa privada.

Tenho que agradecer ao Estado Espanhol o facto de formar o meu filho, de lhe dar uma bolsa de estudo e um sitio numa residência universitária.

Já temos as portuguesas a parir em Espanha e agora temos os nossos melhores alunos a estudar lá. Este país merece quem tem e o que é, medíocre.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Isto é um espanto! Há desvergonha para tudo

Recebi esta notícia e ponho-a como tal:

Explicação:

1. Sabem em que consiste a "manutenção" do site do Ministério da Justiça?
-Não? Ok! Eu esclareço: trata-se de actualizar conteúdos. Acham que o ministro Costa recorreu a um informático qualquer para tratar do assunto? Não! Trata-se de uma tarefa altamente técnica que justifica uma remuneração mensal de 3.254,00 euros mais o subsídio de almoço, claro! Mais o dobro desta remuneração nos meses de Junho e Novembro!!!

2. E sabem quem tem o perfil adequado a essa extremamente especializada função?

Não? Ok! Eu esclareço. Trata-se de Susana Isabel Costa Dutra que, por um acaso daqueles que só acontecem em Portugal, é filha do ministro Alberto Costa, Ministro de Justiça.

Et OUI!

Em qualquer país do mundo (civilizado, claro está), isto chama-se PREVARICAÇÃO e implicaría a imediata destituição do ministro. Mas claro, os quando os exemplos vêem de cima......

Aqui está a definição da palavra para as vitimas do Ministério da (D)Educação:

prevaricar
v. intr.
1. Trair, por interesse ou má-fé, os deveres do seu cargo ou ministério.
v. tr.
2. Corromper, perverter.

Seguimos com a mesma música: "Lá vamos cantando e rindo ......"

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mais uma da TAP

As histórias da TAP davam para uma novela. E nem era necessário inventar nada. Ora vejam só.

No domingo passado decidi que tinha que ir para Madrid na 2ª feira. Meti-me no site da TAP, escolhi horários, cartão VISA, etc. e no momento de pagar, o sistema deu um erro de cartão. Erro de cartão mas cuidado com o detalhe: debitou-me 1 euro que é uma prática habitual para ver se o cartão é válido. Pelos vistos é. Bom, repeti a operação. Às vezes há erros. Pois há, deu-me o mesmo erro. Mas ao debitar de novo 1 euro, voltou a não dar erro.

Já chateado tive que telefonar para o call center e foi então que me esclareceram o problema: a TAP não permite comprar bilhetes de um dia para o outro no site. Ou seja, um eventual passageiro pode escolher um voo para o dia seguinte, validar a viagem, meter todos os dados do cartão de crédito, ser-lhe debitado 1 euro e a mensagem que recebe é a de “erro no cartão” ? Esta gente é mesmo incompetente. Não era mais lógico não deixar escolher uma viagem para o dia seguinte e dizer logo o porquê ? Muito complicado para estas cabecinhas. Importa dizer que, ao comprar através do call center, o bilhete custava mais 10 euros. Isto é que é um verdadeiro imposto revolucionário.

Já dizia Einstein que só há duas coisas que são infinitas: o universo e a estupidez humana mas acerca da primeira não tinha tanta certeza. Isto aplica-se que nem uma luva à TAP.

Hoje voltei a tentar comprar um bilhete. Desta vez para a próxima semana, já não é para o dia seguinte. O mesmo, problemas sem especificar com o cartão. Então qual foi a solução ? Comprar com esse mesmo cartão mas noutra companhia aérea.

TAP, vejam lá ver se percebem que há pessoas que querem comprar bilhetes nos vossos aviões e não podem. É assim tão difícil ? Não há ninguém que veja isto ? Claro que se as coisas derem para o torto, o Zé Povinho paga.

Desta vez é na FNAC

Ao contrário do que nos quer fazer a Lurdinhas, os alunos são, na sua grande maioria, uns ignorantes. A ideia que prevalece na educação é a de que é indiferente como se escreve ou o que se diga desde que se perceba a mensagem. Por exemplo, Diário de Noticias: “CD para bebés gratis” quando queriam dizer “CD grátis para bebés”. Perceberam ? Então tanto faz. Acabo de ver um anúncio na TV que é do mesmo estilo: “Tenho lâmpadas em casa de baixo consumo” em vez de “Tenho em casa lâmpadas de baixo consumo”.

Dentro desta linha de pensamento (pensamento ????????), os estrangeirismos até são finos. Ora vejam só o que está escrito numa das secções de livros da FNAC no Vasco da Gama: Artes Performativas. Acreditem. Não perceberam ? Pois eu explico. Trata-se das artes de interpretação como a música, o bailado, o teatro, etc. E como é que se diz isto em inglês ? Performing Arts, logo em português tem que ser Artes Performativas. Isto numa secção de livros. Não há ninguém que veja isto ? A única conclusão é a de que todos os que trabalham na FNACno Vasco da Gama são ignorantes. Ou cegos.

Parabéns FNAC.

Crónica do Miguel de Sousa Tavares

O Miguel de Sousa Tavares é, talvez, o único jornalista decente em Portugal que não comunga com as mentiras e falácias propagadas pelos meios de comunicação e outras "agências". Será genético pois quem se lembra do pai sabe que a cepa é a mesma. Faz perguntas incómodas e, por isso, é para muita gente e meios de comunicação servis com o Estado/Governo, um empestado. Confesso que é com prazer que leio as crónicas dele. Aqui em cima está o link para a do ultimo sábado mas, quero deixar aqui no meu blog não vá a coisa desaparecer. O que assusta é que é tudo verdade. Aqui vai:

Miguel Sousa Tavares
8:00 Segunda-feira, 29 de Jun de 2009

Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:

- É sempre assim, esta auto-estrada?

- Assim, como?

- Deserta, magnífica, sem trânsito?

- É, é sempre assim.

- Todos os dias?

- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?

- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.

- E têm mais auto-estradas destas?

- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.

- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?

- Porque assim não pagam portagem.

- E porque são quase todos espanhóis?

- Vêm trazer-nos comida.

- Mas vocês não têm agricultura?

- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

- Mas para os espanhóis é?

- Pelos vistos...

Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

- Mas porque não investem antes no comboio?

- Investimos, mas não resultou.

- Não resultou, como?

- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.

- Mas porquê?

- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.

- E gastaram nisso uma fortuna?

- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...

- Estás a brincar comigo!

- Não, estou a falar a sério!

- E o que fizeram a esses incompetentes?

- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?

- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.

Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?

- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?

- Isso mesmo.

- E como entra em Lisboa?

- Por uma nova ponte que vão fazer.

- Uma ponte ferroviária?

- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

- Pois é.

- E, então?

- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.

Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...

- Não, não vai ter.

- Não vai? Então, vai ser uma ruína!

- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.

- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?

- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

- E vocês não despedem o Governo?

- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...

- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.

- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?

- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.

Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.

- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?

- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.

- Não me pareceu nada...

- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?

- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.

- E tu acreditas nisso?

- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?

- Um lago enorme! Extraordinário!

- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

- Ena! Deve produzir energia para meio país!

- Praticamente zero.

- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?

- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.

- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.

Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.

Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:

- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!

segunda-feira, 2 de março de 2009

A TAP e o espanhol falado a bordo

Tenho a certeza de que a TAP o faz com a melhor das intenções mas para fazer isto é melhor estar quieto. A que é que me estou a referir. Como sou viajante assíduo entre Lisboa e Madrid, acabo por ouvir verdadeiras barbaridades. Estou a falar dos tripulantes de cabine a tentar falar espanhol. A minha mulher é professora de espanhol num liceu público. Os alunos que vão pela lei do menor esforço pensaram da seguinte maneira. Porquê escolher inglês ou francês como língua estrangeira ? Escolho espanhol que é o mesmo que português, assobio os “ss” e já estou a falar espanhol. Pois assim pensou a TAP e assim o fez. Pôs os tripulantes a “falar” espanhol e temos verdadeiras pérolas desde “Lisbona” em vez de “Lisboa”, “aterrar (aterrorizar em espanhol)” em vez de “aterrizar”, “desciendo” em vez de “descendiendo”, etc. Dava para escrever um livro. Isso sim, tudo assobiado como se fossem e Viseu. Aprendam, os espanhóis não assobiam os “S”.

Além disso os erros semânticos e sintácticos estão na ordem do dia. E não estão os ortográficos porque não vemos nada escrito. Ora bem. Não poderia a TAP gravar as mensagens com profissionais ? Se quer mostrar serviço a bordo, não poderia ter tudo escrito e seguir à letra o papel sem inventar ? É só ouvir os espanhóis a rir do ridículo para ser perceber do que estou a falar.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Maus, Sem Perdão e Sem Vergonha

Os bancos terão vergonha ? Sei que esta pergunta é retórica e sabemos qual é a resposta. Mas a que propósito é que a faço ? Passo a explicar.

As pessoas estão cada vez mais com dificuldades em pagar a hipoteca e das que perderam o emprego é bom nem falar. Mas todos também sabemos que a causa da actual está na cobiça desmedida dos bancos e que foram eles que causaram a desgraça que estamos a viver em todo o mundo. E o que fazem os governos ? Ajudam-nos de forma massiva para “garantir a estabilidade do sistema financeiro”. Muito bem, mas a primeira coisa que tinham que fazer antes de meter o dinheiro seria exigir a demissão do conselho de administração dos bancos que peçam ajuda assim como embargar todos os bens desses administradores. Mas isto já foi dito e redito e não é o objecto deste desabafo.

A razão deste artigo é a seguinte: os bancos estão a perseguir telefonicamente, com cartas e com emails as pessoas que se atrasam num pagamento da hipoteca. Não se lembram, e ninguém lhes lembra que:

1. foram eles, os bancos, que nos puseram nesta situação;
2. que sem a ajuda que lhes foi dada através dos nossos impostos, eles já tinham fechado as portas e as mesmas pessoas que nos estão a acossar agora estavam sem emprego e a ser acossadas por causa da sua hipoteca;
3. que os responsáveis dos bancos saíram impunes de toda esta má gestão;
4. que o Euribor está a baixar todos os dias mas esse reflexo só se vê na data da renovação. O meu exemplo é claro. A renovação da taxa de juro da minha hipoteca é em Julho de 2009 e está actualmente em 6,5%. Vou estar 10 meses a pagar uma taxa entre duas e três vezes o que se está a pagar hoje em dia.

Sabemos que os bancos não vão fazer nada, e essa é a função deles, mas a do governo é a de defender todos os cidadãos. Dada toda a ajuda que os bancos receberam do estado e dado o carácter excepcional da situação, sugiro que se decrete o seguinte:

1. moratória de 1 ano para o pagamento de juros da hipoteca da casa pagando só o principal
2. após esta fase e durante um certo período de tempo, indexação da taxa de juro a aplicar à média da Euribor do mês anterior mais o spread para que o esforço mensal esteja indexado ao mercado e não a valores que podem estar desactualizados quase um ano

Os bancos vão diminuir os lucros ? Que pena mas assim é a vida. Nos anos anteriores ganharam “toneladas” de dinheiro a especular de tal forma cujas consequências são estas. O que eu sugiro pode e deve ser implementado como forma de aliviar as famílias. Os bancos devem-no a todos nós já que a maioria está, tecnicamente, falida. É engraçado como eles nos pedem o crédito que depois nos negam para comprar uma casa ou financiar a empresa. Não temos garantias suficientes, dizem eles. E os bancos têm ? Não creio.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Mais "Jobs for the Boys"

Este país do faz-de-conta é cada vez mais uma anedota pegada. Ora atentem lá nesta coisa vinda no Diário da República nº 255 de 6 de Novembro 2008:

EXEMPLO 1
No aviso nº 11 466/2008 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J. para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à ronda de 3500 EUR (700 contos).


Na alínea 7:... "Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na ... Apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."

EXEMPLO 2
No Aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda à roda de 450EUR (90 contos) mensais. "...
Método de selecção: Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos. A prova consiste no seguinte:
1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional;
2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;
3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários. Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais. Os cemitérios fornecem documentação para estudo. Para rematar, se o candidato tiver:
- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;
- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;
- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.
No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.

ISTO TUDO PARA UM VENCIMENTO DE 450 EUROS MENSAIS!

Enquanto o outro, com 3,500!!! Só precisa de uma cunha. Vale a pena dizer mais alguma coisa?