A ser verdade o que diz a forista "cidadaoiberico" no forum do jornal Sol (e pelo que sei, é verdade tudo o que ela lá diz), esta avaliação é uma estupidez nos termos em que está pensada. Isto é o que els nos conta:
"Tem-se falado muito e mal da avaliação dos professores. Nota-se que pouca gente sabe do que se trata na realidade.
Para defender o ponto de vista do governo, diz-se que não havia até agora... O que não é de todo verdade. Até agora, os professores tinham de apresentar um relatório crítico de actividade, que era analisado por uma comissão de avaliação, e de fazer formação na qual tinham de ser aprovados. Se não houvesse anormalidades, os docentes teriam "Satisfaz". Se o professor não tivesse cumprido as suas funções ser-lhe ia atribuída a menção de "Não Satisfaz". Para obter a classificação de "Bom" e de "Muito Bom" teria de se submeter a um processo com várias etapas de burocracia. Existia um sistema de avaliação, ao contrário do que o Primeiro-Ministro defende ao tentar, mais uma vez, enganar os portugueses, tentando colocá-los contra os "professorzecos" (como a Ministra da Educação os apelida no Parlamento). O Primeiro-Ministro podia dizer que não concordava com ele, mas não pode continuar a mentir, dizendo que não havia.
Passando ao novo modelo de avaliação de desempenho, que não é feito para avaliar os professores, mas para evitar que eles progridam e criar um sucesso fictício e estatístico para europeu ver. Todos reconhecem que não é um modelo perfeito, mas acham que mais vale um modelo imperfeito, subjectivo e injusto do que dialogar com os professores até se criar uma avaliação justa. Defendem que num país em que reina a injustiça não vale a pena avaliar os professores com equidade e justiça.
É um sistema injusto e impraticável, por vários factores:
1.º Os professores titulares e avaliadores foram escolhidos pelos anos de serviço e não pelo mérito nem pela competência (onde está a preocupação com o mérito e com a excelência?);
2.º Os professores que vão avaliar não têm formação na supervisão de aulas;
3.º Teremos professores de Francês a avaliar aulas de professores de Inglês, e de Educação Tecnológica a avaliar docentes de Educação Física ou vice-versa;
4.º Em muitos casos, os professores avaliados têm muito mais formação do que os avaliadores;
5.º Os professores titulares vão avaliar se os outros recorrem às novas tecnologias e muitos dos avaliadores não sabem enviar um mail, ligar um computador ou o que é um powerpoint;
6.º Os titulares vão avaliar o sucesso dos outros, quando, em grande parte dos casos, são eles que têm uma maior percentagem de insucesso;
7.º Os avaliadores vão avaliar professores de níveis de ensino diferentes daqueles que estão habituados a leccionar, sendo o discurso do docente obrigatoriamente distinto;
8.º Os professores perderão autoridade na sala de aula, perante os seus alunos, no dia em que entrar um titular para avaliar o professor;
9.º Só os resultados dos professores de Língua Portuguesa e de Matemática poderão ser confrontados com os dos Exames Nacionais do 3º Ciclo, o que é uma injustiça para os docentes dessas disciplinas;
10.º Os professores só ficarão com as turmas com alunos com mais dificuldades, caso não possam fugir, pois terão famílias para sustentar e empréstimos para pagar;
11.º Um professor que queira ser honesto e exigente será avaliado negativamente e corrido do ensino;
12.º Serão premiados os professores de disciplinas que não dêem testes;
13.º Se um professor tiver o azar de ter um aluno que abandone a escola para emigrar ou que os pais não tenham condições para o manter a estudar, será penalizadíssimo na sua avaliação;
14.º Se um docente tiver o azar de perder um familiar próximo ou a sorte de ter um filho, será gravemente penalizado na sua avaliação, se faltar os dias a que tem direito por lei;
15.º Se acompanhar alunos de algumas turmas numa visita de estudo e deixar outras turmas com substituição, também é considerada falta de assiduidade às actividades lectivas, imagine-se!!!!
16.º Como os avaliadores e os avaliados já leccionam juntos há muito tempo, há colegas de trabalho que não se falam e os titulares podem aproveitar para se vingar e estragar a vida aos avaliados...
17.º Numa primeira fase, os titulares não serão avaliados por ninguém (onde está a excelência?);
18.º Não vale a pena ter "excelente" ou "muito bom", porque já não haverá vagas para titulares, quando nos for permitido tentar subir na carreira;
19.º Os resultados da avaliação dos alunos serão comparados entre disciplinas com competências totalmente diferentes. Por exemplo, ao comparar-se os resultados de Matemática com os de Educação Física, descobre-se facilmente qual o professor que sairá penalizado e terá de ir para o desemprego, se obtiver duas avaliações "Regulares";
20.º Os professores serão avaliados pelo recurso às novas tecnologias e as escolas não têm projectores nem telas nas salas, as tomadas não funcionam, a electricidade desliga-se constantemente, nem há extensões suficientes!
21.º Os docentes serão avaliados pelas fichas formativas que forneçam aos alunos e só podem tirar fotocópias de testes de avaliação sumativa e, quando as escolas forem entregues às câmaras, nem a isso terão direito.
Estas são algumas situações reais, haverá muitas outras que eu desconheço. Só um louco pode achar isto positivo, a não ser que se queira destruir de vez com o ensino público, enviando todos os professores para o desemprego.
O que se conseguiu até agora com o novo modelo de avaliação:
a) Há um constrangimento entre os professores titulares e os "professorzecos";
b) Não há diálogo entre os docentes, havendo um "ruidoso" silêncio sepulcral na sala de professores;
c) Não há partilha de materiais por causa da competição, pois as quotas, que ainda não foram publicadas, serão muito reduzidas;
d) Estão todos desmotivados;
e) Os professores estão a entrar na escola às 8 horas e 30 minutos e a saírem depois das 22 horas, sem que ninguém lhes pague horas extraordinárias, a analisar grelhas, indicadores e instrumentos de avaliação, como se estivessem a cavar a sua própria sepultura;
f) Não há tempo para preparar aulas, desenvolver estratégias diferenciadas, elaborar e corrigir testes."
Bonito, não é ? O que eu sei é que a minha mulher que é professora, trabalha como nunca. Sai de casa às 8 e volta às 20:30. Tem reuniões todos os dias. Papelada e mais papelada.
E ao fim de semana põe-se a fazer testes e a corrigi-los. Ou a ministra é uma mentirosa ou as escolas estão a ser mais papistas que o Papa. Creio que são as duas coisas ao mesmo tempo.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
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